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FRANCISCO GASPAR - PIAUÍ

 

1° Com um personagem icônico no qual interpretou, como você descreve os militares que representaram o Brasil na guerra?

 

Os jovens brasileiros que cruzaram o oceano atlântico em 1944 para lutar contra o fascismo e pela liberdade merecem todo respeito, carinho e atenção, pois, além de corajosos eles foram os únicos latino-americanos nessa guerra suja. E foram vencedores, lutaram do lado certo, do lado que valorizava a vida e a liberdade. Os pracinhas hoje são reconhecidos em diversas partes do mundo, em menor escala no Brasil, pela sua coragem, alegria, força e solidariedade. Construí o Piauí a partir dos ricos relatos que li em diversos livros sobre a participação brasileira na Segunda Guerrra Mundial. E o Guerra em Surdina do Boris Schnaiderman, seu relato sobre sua participação na Italia em 1944, é uma opera prima sobre o assunto. Sim, os pracinhas foram e são grandes homens.

 

2° Pouco se fala e pouco se estuda sobre o trabalho da FEB, com o lançamento do filma A ESTRADA 47, você crê que tenha despertado interesse ao povo brasileiro sobre a história de seus pracinhas?

 

Com certeza, e não só isso, creio que também o próprio exército tenha se interessado mais pelo cinema nacional. O diretor Vicente Ferraz tem uma pergunta muito interessante sobre essa questão da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial: "Por que esse filme não tinha sido feito antes?" Essa pergunta é muito pertinente, pois, é muito importante que nós brasileiros conheçamos nossa história e saibamos que o fascismo foi um grande mal e que ele jamais deva voltar a assolar a humanidade. Essa história tem de ser contada nas escolas e no cinema. É uma história importante e bonita, apesar de dolorosa, afinal foi dizimado comunidades inteiras em partes do mundo. A FEB teve sim um papel muito importante nessa história. É o nosso desejo que A Estrada 47 tenha cumprido essa função. 

 

3° No Brasil existem poucos filmes taxados como superprodução, A ESTRADA 47 teve um recurso de cerca de 8 milhões além de uma produção invejável segundo a crítica, ao seu ver, o tema FEB abrilhantou este projeto?

 

A Estrada 47 é um projeto que o diretor pesquisou por muito tempo. Vicente Ferraz me contou que a idéia nasceu há doze anos. Do nascimento até a estréia soma-se muitas aventuras e busca por patrocinios e parceiros. Não é uma tarefa fácil. Envolve muitas pessoas e pesquisas e no nosso caso envolveu outros paises como a Italia e Portugal, parceiros do projeto. Não se fala um assunto desse porte somente por paixão. Fala-se pela importância e urgência. O Vicente é um homem de cinema e um grande pesquisador, e, acima de tudo um grande artista. Temos alguns documentários sobre a FEB e agora o nosso que é ficção. Espero que o filme tenha dado o brilho que o assunto, os pracinhas e a FEB merece. 

 

4° Após vivenciar como personagem o sofrimento de nossos brasileiros na Itália, você acha que o Brasil não dá o devido valor e tão pouco fornece informações, estudos e a gratificação para com seus Pracinhas?

 

O que acredito é que demorou muito tempo para essa atenção tenha sido dada ao assunto e aos pracinhas. Eu mesmo só conheci o assunto a fundo porque eu fui fazer o projeto. Tudo o que se sabia era muito raso, sem aprofundamento. Eu não sabia da vasta existência de literatura escrita pelos próprios pracinhas. Por que não se divulgou isso? É perverso não falar sobre esse assunto, é cruel. Temos o direito de saber, de escolher ler esses livros. Através da minha pesquisa, descobri que tive parentes e amigos de meus avós que foram ou tiveram amigos que foi lutar na Italia em 1944. Não é triste e curioso eu não saber sobre isso? Por que não se falou sobre esse assunto? 

 

5° Qual mensagem deixaria para todos aqueles que lutaram e deram suas vidas em prol do Brasil na 2° Guerra Mundial?

 

Eu tenho muito orgulho dos senhores e espero que nosso filme tenha cumprido a função e tocado as pessoas que assistiram. Um filme jamais dará conta do que foi uma guerra realmente. Eu jamais saberei a dor de estar no front, jamais entenderei a perda de uma pessoa querida em uma guerra. É preciso que não haja mais guerra no mundo. É urgente e necessário que haja paz e entendimente entre as naçoes. É preciso que o homem respeite a vida e as diferenças e o outro. Eu jamais imaginei que um dia eu pudesse fazer um papel tão importante no cinema. Eu construí o Piaui, Adelino Claudio Moisés da Silva, com o maior orgulho e o peso de ser um brasileiro que acreditava que estava fazendo o Brasil brasileiro de verdade. Desejo muito que os pracinhas tenham se sentido representados. Eu me sinto representado pelos senhores. 

 

A COBRA FUMOU agradece imensamente a colaboração e gentileza do grande ator Francisco Gaspar por contribuir para este projeto.

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