SABORES DA GUERRA
Entre os efeitos colaterais de uma guerra, além da violência, está a falência dos países combatentes. Nos anos que sucedem o conflito, recursos ficam escassos e os países envolvidos demoram um certo tempo até reestabelecerem suas produções. No entanto, tempos difíceis costumam desafiar a mente humana, que precisa criar alternativas para driblar as dificuldades que as guerras impõem. Essa é a história de um dos alimentos mais deliciosos do planeta.
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, o chocolate passou a ser um produto muito caro e escasso na Europa, já que o cacau havia sido racionado em função do conflito. Um confeiteiro italiano, Pietro Ferrero, resolveu acrescentar avelã ao chocolate, para que este rendesse mais. Essa estratégia já havia sido utilizada por italianos na época do bloqueio continental imposto por Napoleão Bonaparte ao continente europeu. A avelã foi escolhida por ser abundante na região do Piemonte e a mistura recebeu o nome de gianduia.
Em 1946, Pietro criou um creme de chocolate e avelãs, a Pasta Gianduja. As mães da época cortavam um pedaço dessa pasta e colocavam em fatias de pão, como lanches para seus filhos. Mas dá para imaginar o que as crianças faziam, né? Comiam a Pasta Gianduja e jogavam o pão fora. Então, Pietro Ferrero criou uma versão mais cremosa do produto, que era vendida em jarras e recebeu o nome de Supercrema Gianduja, que podia ser passada no pão. Assim era mais difícil de tirar, mas quem liga? O resultado final é maravilhoso.
Pietro morreu em 1949 e seu filho, Michele Ferrero, assumiu a empresa. Em 1964, a Supercrema Gianduja ganhou um novo nome: Nutella. O produto foi bem recebido desde o início, já que seu preço era bem acessível: um quilo de chocolate equivalia, na época, ao preço de seis quilos de pasta gianduja. Desde então a Nutella só ganhou popularidade e é sinônimo de uma comida delíciosa para momentos difíceis.